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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

PARA AUXILIAR NO CURSO

APOTEÓSE E APOCALÍPSE: INTERNET e educação no Brasil

Não combinam as previsões apoteóticas dos entusiastas da Internet no mundo inteiro, de um modo geral, e em particular no Brasil, com algumas estatísticas tão realistas, quanto apocalípticas sobre a educação no país. Este é um pequeno esboço comparativo entre essas duas imagens formadas a partir de distintos, mas não opostos, universos de referência: o da informática e o da educação.

A INTERNET é a nova mídia do momento e só esta constatação já é motivo para polêmica. Como meio de comunicação, a INTERNET contribui para interligar pessoas no mundo todo, possibilitando discussões sobre os mais diferentes assuntos. Diminui distâncias de tempo e espaço e reduz consideravelmente o custo em relação ao telefone ou quaisquer outros meios conhecidos.

Como mídia a discussão toma outra forma. Não se pode dizer que a INTERNET seja exatamente um meio de comunicação de massa, definição pela qual nos refirimos à mídia. A INTERNET não massifica, muito menos inibe a interatividade. Por um lado, ponto para ela, mas isso significa também que não podemos colocá-la como um avanço em relação aos veículos de comunicação massivos (rádio, televisão), nem mesmo podemos discutir a INTERNET a partir dos mesmos parâmetros que serviam para os meios de comunicação de massa convencionais, pois falamos aqui sobre um veículo de outra natureza.

Nunca a mídia abordou tanto um assunto. Qaundo se pensava que os anos 90 eram a década da inexistência de novidades, a INTERNET tomou um vulto internacional, popular e comercial. Dessa forma, mesmo não tendo computador, nem conhecendo exatamente o que é, nem como usar, a maioria das pessoas já ouviu falar em INTERNET.

Os discursos inflamados a seu respeito são sempre animadores e falam numa revolução em termos tecnológicos e nas formas de comunicar. Pela sua natureza, a INTERNET quase que impede a existência de censura no controle sobre a publicação de mensagens. Não há possibilidade de monitoração total das mensagens enviadas, apenas de grupos de discussão específicos.

Fala-se também no seu espírito anárquico que, dentro de suas limitações sócio-políticas, é bastante bem vindo dentro do universo virtual. Um lugar onde a princípio não existe controle, nem hierarquia sobre usos, podendo as pessoas das mais diferentes classes sociais expressar as mais diferentes opiniões sem serem coibidos por isso.

Parte-se também da explícita transposição de limites geográficos e das possíveis implicações culturais que ainda estão por vir e se perceber. Graças à velocidade na circulação de informações e à facilidade do seu acesso, podemos começar a falar e a considerar sem maiores questionamentos à formação de uma cultura global, onde a troca de conhecimento a ser produzida será entre cidadãos a partir de seus interesses específicos.

Tudo isso sem falar na expansão e na inevitável circulação de informações e de pessoas que invariavelmente terão que passar pela Grande Rede. De origens comerciais, governamentais, organizacionais, educativas, científicas..., apontam para um futuro onde a INTERNET se constituirá numa unanimidade para quem deseja trocar e divulgar conhecimentos e conclusões de pesquisas. Dessa forma, a INTERNET assume um perfil totalitário, no sentido de não dar margem para o aparecimento e o desenvolvimento de outras opções de sociabilidade.

Os discursos sobre o futuro da INTERNET começam a se mostrar insuficientes quando, por exemplo, nos deparamos com dados sobre a disponibilidade e a qualidade de linhas telefônicas. Apesar do esforço empresarial e mediático no sentido de fazer implacar uma nova mídia, os dados estruturais que implicam em condições básicas para o bom uso e consumo dos serviços da rede mostram um outro quadro, um outro país, conflitando com aquele apresentado pelos apologistas da INTERNET.

Dados sobre a educação no Brasil: evasão escolar, pessoas que completam 1º grau, pessoas que falam uma 2ª língua; telefones disponíveis

Diante disso, não cabe aqui discorrer sobre os males da Mãe das Redes ao não atender nossas necessidades básicas, mas sim chamar a atenção para um dado que está nos acompanhando durante a história do avanço tecnológico da humanidade: enquanto se desenvolvem nossas extensões, ou seja, aquilo que aproxima as pessoas entre si, a sociedade não se transforma, pois o avanço tecnológico pouco deu importância para o avanço do homem com ser social.

Com esse espírito, chegamos à INTERNET e nos interligamos mundialmente, mas nossos corações e mentes continuam os mesmos, nossas ideologias também. Assim, podemos dizer que a inovação tecnológica com a massificação da INTERNET não nos levou a uma mudança de paradigma, mas sim permitiu um novo suporte para que as mesmas pessoas pudessem continuar se relacionando.

Atualmente estamos partindo para uma fase em que o deslumbramento inicial com a Grande Rede já foi superado. Passamos para a busca de soluções visando a socialização de informações e do acesso, bem como o oferecimento de serviços e de informações a partir dos recursos já disponibilizados. Isso nos permite criar novas aplicações a partir das peculiaridades desse novo veículo.

Não é exatamente isso que podemos observar! Por sermos os mesmos, abalados com as novas possibilidades, mas nem por isso transformados estruturalmente, estamos vivendo uma 2ª onda na INTERNET, onde passamos a construir nossos espaços comuns dentro da Rede, acompanhados dos nossos valores mais conservadores, embora tenhamos um infinito de possibilidades a serem descobertas.

A INTERNET se constrói como um espaço de sociabilidade através da educação, que parte principalmente da solidariedade dos seus integrantes. Recém-chegados são convidados a ler as famosas FAQs (Frequently Asked Questions): questões feitas com freqüência por pessoas iniciadas num determinado assunto, previamente respondidas por quem está mais envolvido no tema em questão. Além disso, qualquer dúvida adicional é geralmente respondida se colocada no espaço adequado.

Apresentam-se aí dois valores importantes que virão a ser valorizados dentro de pouco tempo e trazem mudanças importantes: a imediaticidade na troca de informações, onde pessoas que nunca se conheceram trocam e ampliam seus conhecimentos, contribuindo para otimizar o acesso aos recursos da Rede. Outro fator introduzido dentro desse modelo é que o sentido clássico do professor como proprietário do saber se torna desnecessário, mas extramamente útil na acepção da palavra, na medida em que se professa saber, socializando-o aos demais interessados.

Essa nova relação coloca em xeque a instituição escolar nos moldes em que ela se encontra agora, já que o universo de informações disponíveis na INTERNET é muito maior do que as que se tem acesso a partir dos professores na sala de aula. Por outro lado, o uso da INTERNET na educação não pode se restringir apenas a levar o modelo atual para dentro da rede, mas sim entender seu potencial a partir de seu sentido metafórico, implicando numa mudança de comportamento.

A educação através da INTERNET terá que ser responsável por esta ruptura paradigmática a partir da mudança de tecnologia. A aposta da INTERNET na educação foi de que a tecnologia introduz um paradigma e interfere na produção de conhecimento. O conservadorismo na educação ainda não permitiu isso! Uma prova disso é o crescente cuidado com o acesso às informações por parte das crianças, chegando até à criação de programas coibitivos ou mesmo a censura atravéss de amparo legal.

Colocam-se desafios para a educação no futuro a respeito dos currículos e paradigmas que irão se construir a partir dessa nova realidade. Amplia-se radicalmente, através da INTERNET, o conhecimento sobre os peixes, por exemplo, que passarão a ter os futuros alunos a partir da consulta às listas de discussão específicas, home-pages, etc, chegando à conclusão de um trabalho melhor e mais amplo.

A INTERNET não pode ser apenas apresentada como uma grande fonte de dados sobre os mais diversos assuntos, sem que se perceba que se transformou também o modo de produzir conhecimento. É a partir desta clareza que se devem estabelecer os paradigmas e conteúdos da educação do futuro.

Enquanto não se parte para descobrir os verdadeiros potenciais da Grande Rede e que benefícios podem trazer para a educação, poderemos ser condenados a transpor toda uma pedagogia retrógrada para a INTERNET. Não devemos ter medo da perda da autoridade do professor como porta-voz do saber, pois outra será sua importância e sua legitimidade se dará a partir daí.

A capacidade de aprendizado e de assimilação poderá ser bastante elevada e estimulada, a partir de exemplos concretos, mas virtuais; a INTERNET será o palco de intercâmbio entre escolas (alunos e professores) de todo o mundo, onde a História dos Estados Unidos, por exemplo, poderá ser comparada com depoimentos de quem a viveu, sem intermediações de historiadores oficiais ou da imprensa.

E finalmente a escola, nossa velha amiga, será o berço da sociabilidade humana através do contato (esporte, arte ...), onde várias atividades de contato corporal serão desenvolovidas.

Prof. Adilson Cabral Professor da Universidade Estácio de Sá - RJ Mestre e Doutorando em Comunicação Social pela UMESP - Universidade Metodista de São Paulo

TEXTO RETIRADO EM 14/08/2009 (http://www.comunicacao.pro.br/artcoN/interneduc.htm)

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